O Open é para todos… O tanas!
O CrossFit é para todos? É sim senhor… Com as devidas adaptações todos podem fazer CrossFit e beneficiar seriamente duma melhoria da qualidade de vida.
O Open é para todos? Hell No!
Para quem não sabe, os Crossfit Games são a competição de CrossFit a nível mundial que premeia aqueles que são os homens e mulheres mais Fit (funcionalmente falando).
O Open é a fase de qualificação para lá chegar, aberta a toda a gente que, ao se inscrever, poderá submeter os seus resultados e vídeos a fazer os treinos propostos. Os melhores seguem em frente para os eventos regionais e, se forem bons o suficiente… Os Games (finais).
Começo por dizer que o Open é do caraças! Adoro seguir o Open e os CrossFit Games coladinho aos novos treinos e resultados das máquinas em acção. Viste o Dan Bailey no 16.2 ?! Que ABUSO mãezinha!! Amei!!
https://www.youtube.com/watch?v=QwRrm8Two0Q
Adoro também o facto de qualquer pessoa se poder inscrever. E com ‘qualquer pessoa’, refiro-me, na minha opinião, àqueles que sentem quem têm boas capacidades competitivas para ‘provar o seu fitness’ e quiçá ir dar uma voltinha aos regionais ou mesmo aos Games. Sonhar, acreditar, trabalhar, trabalhar, trabalhar e cumprir! Nada me inspira mais do que assistir a este processo!
E já temos uns tugas por quem ando a torcer… Cheira-me que pode haver coisa boa este ano!
Basicamente isto do Open é fixe porque podes ser um calézinho do Azerbeijão de quem nunca ninguém ouviu falar e de repente, devido à máquina que te tornaste, inspirares milhares e milhares de outras pessoas.
Todos têm a sua oportunidade através deste método inclusivo, ao contrário da maioria dos desportos em que tens de vir federado desde os benjamins e os bambis para tentar sequer ter uma oportunidade de constar do team.
Contudooooooo…
A marca Crossfit (sim, business as usual) anda a ter um Marketing demasiado transparente com a ideia de puxar por TODA a gente, e agora refiro-me inclusivé aos calézinhos que treinam há dois dias e nem um agachamento fazem em condições, para se inscrever no Open.
Claro que o fazem com três dicas em mente: Fazer parte duma comunidade, superar-se a si próprio e poder adaptar os treinos para conseguir fazer os movimentos (aquilo a que chamamos versão scaled).
Não me cabe a mim dizer se isto é correcto ou errado, vou apenas dizer porque acho mau:
- Fazes parte da comunidade desde que entras na box e passas um bom bocado a suar com a malta, não é por te inscreveres num campeonato online e andares a comparar resultados que ficas mais intrusado/a
- Os padrões de aula e ensino são diferentes dos padrões de competição. Se te ensinar o peso morto e vir que estás a dobrar as costas como se fosses o Quasimodo vou evitar que faças muitas repetições com essa postura, enquanto te reforço com todo o meu ênfase o que estás a fazer mal ou como podes melhorar. No padrão de competição há aqui um ‘que se lixe’, porque a barra tem de ir do chão até lá acima e ponto final. Ninguém te irá invalidar uma repetição por má postura/técnica. Sim, os atletas fazem muitas vezes com má postura, mas têm um corpo talhado para aguentar muito mais do que a maioria… E mesmo assim ocorrem obviamente lesões. Agora imagina a Lisete que treina há 2 meses…
- O CrossFit sempre seguiu o modelo e a ordem Técnica, Consistência, Intensidade. Ou seja, como treinador eu só me preocupo com os teus tempos ou cargas (intensidade) quando vejo que já tens uma base porreira para tal (técnica consistente). Tentares-te superar com números quando ainda nem tens bases sólidas é como tentar guiar sem ter a carta.
De facto, o CrossFit leva com muitas ‘bocas’. O que é perfeitamente compreensível.
Passo a vida a tentar explicar ‘ah e tal não é bem assim’, ‘o que vês no youtube não significa que o sistema seja mau’, ‘atletas são atletas, não se compara com o comum cliente que queira ficar em forma e ser mais saudável’…
E de facto é algo em que acredito piamente até porque os nossos alunos são prova disso mesmo. Modéstias à parte, estamos a fazer um excelente trabalho e a criar FREAKS! No bom sentido, claro.
No entanto, quando há milhares de campanhas a convencer TODA a gente a participar no Open, de repente estes argumentos que eu uso para proteger o nosso sistema de Fitness favorito… Ficam um pouco danificados.
Percebo o Marketing de querer dominar o Mundo do Fitness mas acho pedagogicamente fraco.
Se és alguém que treina há pouco tempo, trabalha bem as tuas bases, levem o tempo que levarem. Se calhar até já estás a querer dar o salto para a as aulas de regime livre (Open Box) ou a seguir programações de atleta de alta competição quando provavelmente o que mais precisas é do coaching básico das aulas em regime normal (Skill + WOD).
Saltar etapas nunca deve fazer parte do teu progresso, todas elas importam, tudo conta para te melhorar. Que o Open e os Games te inspirem, quem sabe um dia lá chegues 🙂
Let’s WORK, baby!
A grande dificuldade nas boxes e com os clientes mais novos é que espelham a atividade naquilo que se faz nas competições aonde a técnica realmente não é boa. Não adianta convencer o novo atleta que não se deve dobrar as costas no deadlift se a Samantha Briggs tem as costas que parecem uma cana de pesca e enaltecem a sua performance a cada Open, regionais ou Games.
Mais um excelente post, Salgueiro
Ja te sigo a algum tempo e gosto do que leio todos os dias , acho muito bem que digas que open nao e para todos porque simplesmente nao e mas que e bom participar e ver os teus tempos com os dos ” Freaks” da moda e bastante satisfactorio especialmete eu que treino com autenticos monstros nacionais aqui em UK e acho que e um desporto que promove muito o teu bem estar , entao nada me da mais gozo a ver um individuo que faz crossfit a 3 anos com uma perna so e mesmo assi ma dar-lhe ,
Abracao pa bons treinos
concordo com tudo o que está escrito .. o Open é para todos, mas, ao mesmo tempo não é para todos.
Não estou a dizer com isso que o facto de me inscrever que me acho melhor que os outros e que acho que o eu fitness é melhor que os outros .. não .. nada disso .
Acho que o Open é tb uma forma de medir o teu nivel de fitness e competir comigo mesmo. Pode olhar para pessoas do mesmo nivel que eu e comparar o que posso fazer e o que eles podem fazer … melhor que tudo, saber o que podem fazer melhor que eu, para que eu possa focar-me nesses pontos durante o proximo ano.
Naõ estou a contar ir ao CrossFit Games, mas, se me pudesse qualificar não diria que não!!!
Muito bom. Era o que estava a acontecer comigo..Querer fazer pull-up, chest to bar, toes to bar, com kipping, sem ainda conseguir dominar as pull-up strick..
Cada coisa a seu tempo. Criar uma base solida, para depois conseguir adquirir os skills..Gostei bastante deste artigo..Ainda ninguem mem tinha “dito” isto assim..
Parabens Coach Salgueiro.